As três frases estão correctas quanto aos pronomes, mas a primeira está errada na palavra estranho, pois, como qualifica forma, tem de ir igualmente para o feminino. É-me quer dizer é para mim, sou-te significa sou para ti, ao passo que, em foram-lhe cortadas as mãos, o lhe tem outro emprego também correcto em português, isto é, o de equivaler a dele ou dela (dado que a ele e a ela não são legítimos a não ser enfaticamente: eu disse-lhe, a ele, que nem pensasse em tal). Claro que o eu sou-te de Pessoa deve-se a liberdade poética, pois falta o nome predicativo do sujeito, que completaria normalmente o sentido: eu sou-te indiferente, eu sou-te + qualquer outro adjectivo. Tal como está, sem mais nada, poderá interpretar-se como eu pertenço-te, sou todo teu.