Começamos por agradecer as suas gentis palavras. Bem precisamos de estímulo, para que não nos falte o ânimo. O problema inicial, na pertinente questão que nos põe, é saber qual a pronúncia que se pode considerar correcta no termo: com ditongo ou com hiato. A palavra não está registada em nenhuma das três enciclopédias que possuo, nomeadamente na completa Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Uma pesquisa na internet não foi elucidativa: o termo aparece escrito com ou sem acento praticamente com igual número de ocorrências. Mas vejamos a génese da designação. O conceito é o de `um em três´, aplicado para o dogma cristão da Santíssima Trindade: um Deus único que é formado por três pessoas distintas (Pai, Filho e Espírito Santo). De facto, pode obter-se um significante que represente este significado usando-se o antepositivo lat. `tri-´ (três, tria, três vezes, `três partes´) ligado ao adjectivo `uno´ (único no seu género ou espécie, singular, `cuja identidade não pode ser desfeita´). Ora, no sentido profundo da palavra, atendendo ao conceito que representa, o constituinte `uno´ não pode ter a sua identidade modificada pelo antepositivo. Assim, a primeira letra de `uno´ deve ficar bem audível na pronúncia, isto é, a palavra deve pronunciar-se [tri-unu], com hiato. Aceitando-se esta ideia, falta agora saber como escrever a palavra quando os constituintes estão fundidos. Repare-se que há, na índole da língua, tendência para o encontro vocálico iu formar o ditongo decrescente [iw], dada a frequência das terminações verbais da terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo dos verbos da terceira conjugação (ex.: partiu). Então, como este ditongo é estável, a sua diérese tem de ser obtida com acento (convertendo a semivogal [w] na vogal [u]. Resumindo, e no meu ponto de vista, a grafia correcta da palavra, `na comum língua das oito pátrias´, deve ser: Triúno. Esta grafia depreende-se das normas em vigor (portuguesas ou brasileiras) e está, por exemplo, atestada no termo comum fiúza. Aparece explicitamente recomendada na base X do novo acordo ortográfico, de 1990, com o termo ciúme. NOTA FINAL. Ciberdúvidas tem leitores de todas as religiões. Para quem não o souber, parece-me oportuno informar que se tem explicado o mistério com a afirmação de que o Espírito Santo é o amor que liga o Pai e o Filho. Então, e numa interpretação meramente pessoal, pode dizer-se que é este Amor que consagra a união num Deus único, que dá a `sinergia de conjunto´. Lembro o que acontece nas coisas terrenas, quando num casal os dois se aceitam tolerantemente nas diferenças, para reciprocamente beneficiarem do complementar (dois com as suas próprias virtualidades, mais um, o da entreajuda). Num casal, é a tolerância (ou, num sentido mais elevado, o amor) que liga duas pessoas, para que tudo se passe como se fosse uma só. Ao seu dispor,