O Dicionário de Termos Médicos de Manuel Freitas e Costa (Porto Editora) diz que tolerância (do latim tolerantia) é «diminuição da sensibilidade ou susceptibilidade a um fármaco com o seu uso continuado ou crescente». Depois, considera dois tipos de tolerância: tolerância cruzada («diminuição da sensibilidade para um fármaco quando se adquiriu tolerância para outro fármaco») e tolerância imunológica («falta de resposta imunológica para um antigénio que, em regra, a desencadeia»). Por sua vez, o Dicionário Eletrônico Houaiss diz que tolerância, em farmacologia, é o «fenômeno caracterizado por uma diminuição dos efeitos sobre o organismo de uma dose fixa de substância química à medida que se repete sua administração» e, em toxicologia, é «capacidade de o organismo suportar doses de determinada substância sem apresentar sinais de intoxicação».
Em relação a tolerabilidade, os dicionários médicos consultados nada dizem, mas o Dicionário Eletrônico Houaiss, por exemplo, limita-se a dizer que é «qualidade, estado ou condição de tolerável», acrescentando que a palavra provém do «lat[im] tolerabilĭtas,ātis “qualidade do que é suportável”»; e o Dicionário da Língua Portuguesa 2003 da Porto Editora também não vai mais longe.
Assim, impunha-se a consulta a especialistas desta área. Pedi uma opinião ao dr. Delberto Aguiar, médico de família em Lisboa, que disse que, «partindo da definição de tolerância» (em medicina), ou seja, «aptidão do organismo para suportar sem rejeições os efeitos de um medicamento ou de qualquer outro agente externo», a sua interpretação de tolerabilidade, aplicada à medicina, é «a aptidão sofrível do organismo, para suportar os efeitos de um medicamento ou agente externo. Algo que se pode suportar, mas que não é completamente inócuo». O dr. Rui Bastos, especialista de “marketing farmacêutico”, acrescentou, a esta opinião médica, que a tolerabilidade [do medicamento] quer dizer «sem efeitos colaterais significativamente danosos e prejudiciais».