DÚVIDAS

Terminações am e em

Sou professora de línguas e gostaria de saber como explico para meus alunos os seguintes itens abaixo:

As palavras paroxítonas terminadas em ditongo crescente são acentuadas, entretanto a terminação "am" final forma um ditongo decrescente (não acentuado). Que explicação dou para palavras terminadas em tritongo acentuadas? Como justifico por exemplo a palavra águam, ágüem, enxáguem...?

Como justifico apazigúem, averigúes...? Considero como exceções ou como regras especiais? Se são especiais, porque não aparecem nas gramáticas?

Obrigada pela resposta e atenção dedicada.

Resposta

1. AM

A terminação verbal am, com som ¦ão¦, foi um artifício estabelecido por lei, para evitar que nos documentos oficiais se pudesse confundir a flexão verbal pretérita com a futura (ex.: «¦amárão¦» com amarão). Mas, também por convenção, am verbal é sempre átono: o acento tónico/tônico nunca pode ser feito sobre o ditongo ¦ão¦ representado por am verbal. Ora na palavra enxáguam (enxaguam em Portugal) temos a decomposição en-xá-guam, semelhante a água, em que o tritongo nasal ¦uão¦, inseparável neste caso, impõe o acento na palavra, semelhantemente à convenção que nos obriga a acentuar água, cujo ditongo crescente pretendemos sem hiato. Repare que sem o acento tenderíamos a pronunciar ¦enxagú-ão¦ (am não tónico/tônico).

2. EM

Em ágüem (em Portugal agúem), a justificação é semelhante à anterior: o tritongo nasal, inseparável, agora é ¦üãi¦; e o sinal que desfaz a convenção de u ser mudo no conjunto gue é o trema (legítimo ainda no Brasil).

Em apazigúem, averigúes (mesmas grafias em Portugal), não estamos em presença de tritongos. Agora o u (tónico/tônico) é uma vogal, e há hiato respectivamente/respetivamente com o ditongo nasal e com a vogal seguintes. Pelo facto/fato de u ser tónico/tônico, o acento é legítimo e é ele que determina a diérese entre u e e.

Ao seu dispor,

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa