A construção que o consulente coloca à nossa apreciação é diferente da construção que mereceu a grande penalidade.
O verbo faltar tem, com alguma frequência, o sujeito posposto, ou seja, depois do verbo. Na frase «Só faltam vender seis mil bilhetes», o sujeito é «vender seis mil bilhetes», e, como o núcleo da expressão que serve de sujeito é um verbo no infinitivo – vender –, o verbo faltar deverá estar no singular: «Só falta vender seis mil bilhetes.» Note-se que «seis mil bilhetes» é o complemento directo do verbo vender.
Por seu lado, na frase «Só seis mil bilhetes faltam ser vendidos», o sujeito de faltam é a expressão «seis mil bilhetes», que, como a construção é passiva, assume igualmente a função de sujeito da passiva «ser vendidos».
Outra distinção entre as duas frases – ainda que ténue, neste contexto – relaciona-se com a palavra que é restringida pelo advérbio só. Na frase publicada pelo «Record», o advérbio restringe o verbo «faltar», enquanto na que o consulente propõe é a expressão «seis mil bilhetes» que está a ser restringida.