Estes versos pertencem a um célebre soneto de Vinicius de Moraes, o "Soneto da fidelidade".
Transcrevo-o, para compreendermos bem o sentido do trecho que o consulente seleccionou:
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
O sujeito do verbo procurar é um sujeito composto: a morte e a solidão. Como está colocado depois do verbo, este concorda com o elemento mais próximo; daí estar no singular. Repare-se que a expressão repetida "quem sabe" não é mais do que uma locução com valor adverbial (= talvez).
Para terminar, este sujeito composto também tem um aposto (ou continuado) duplo: angústia de quem vive (aposto a morte) e fim de quem ama (aposto a solidão).