A colocação do pronome pessoal átono, ou complemento, ocorre sempre antes do verbo (em próclise) na variante do português do Brasil (PB) e acontece, regra geral, depois do verbo em português europeu (PE). Nesta variante há um conjunto de construções que implicam a colocação do pronome antes do verbo. O caso em análise, pela existência da conjunção se, insere-se neste conjunto. Deverá, pois, dizer-se «Se poucas coisas o espantavam…»
A conjunção se, embora possa ter, como é o caso, um sentido concessivo, não é uma conjunção concessiva, pelo menos não de forma consensual. Ela introduz dois tipos de frases:
Interrogativas indirectas, sendo nesse caso uma conjunção integrante ou completiva, como por exemplo em «Ele perguntou se já tinhas chegado», ou condicionais, sendo uma conjunção condicional. O facto de poder veicular um sentido concessivo não invalida que a frase resultante não continue a ser uma subordinada condicional. Acontece algo semelhante com as orações ou frases coordenadas copulativas de valor condicional como por exemplo: «Faz isso e vais porta fora», equivalente a «Se fazes isso, vais porta fora»
Note-se que alguns dicionários apresentam a conjunção se como podendo ser concessiva. Mas é sempre arriscado deixar que o sentido das frases condicione a sua classificação, por muito que a sintaxe e a semântica andem (e devam andar) unidas.