DÚVIDAS

«Santinha!», de novo

De facto ao procurar explicações para o termo «santinha», vi que Maria Celeste Ramilo, em 28/03/2003, justificava não ter encontrado a expressão em registos históricos.
Ninguém confirma e gostava da vossa opinião... sobre a minha tese, se pode ser confirmada ou não.
Em discussão com amigos, cheguei à conclusão de que a expressão foi introduzida em Portugal pelos emigrantes que foram para França no século passado. Como se sabe, a expressão "Santé" (saúde) é utilizada quando alguém espirra por bandas francesas.
O «santinha» utilizado em Portugal adveio muito provavelmente desse "santé!" francês, e foi incorporado ao linguajar popular pelo uso corrente dos emigrantes. Quiçá esse é o motivo por que só se encontra em dicionários contemporâneos.
Meus avós, por exemplo, são completamente avessos a esse "neologismo". Por sua vez, reparei que todos aqueles da família que um dia já foram emigrados utilizam tal expressão.
Eis a razão pelo que também não se evoca nenhuma santa (esse foi o ledo engano dos emigrantes também!), o que comprovei com meus queridos tios já de volta a Portugal.

Saudações a todos.

Resposta

Quer “Santé!” quer «Saúde!» são saudações, em francês e em português. Aliás, saudar é um verbo performativo, na medida em que equivale a dizer «Saúde!» (tal como parabenizar equivale a dizer «Parabéns!»). Em português também há o acto expressivo «Saudinha!» para desejar saúde a alguém (esteja esse alguém constipado ou não).
No entanto, o «Santinha!» está fora destas considerações. Considerar o contrário será pressupor que os emigrantes portugueses traduziriam “santé” por «santa» ao qual aplicavam o diminutivo – o que é de todo inconsistente.

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