1. – Rogai a Deus por nós.
a) Rogai a Deus – predicado, em que:
rogai – núcleo do predicado;
a Deus – complemento verbal, indirecto.
b) por nós – complemento verbal designativo de protecção.
2. – por nós não é complemento indirecto. Vejamos a noção de complemento indirecto. Seja a frase:
O João deu o livro à Maria.
O livro é complemento directo de deu.
À Maria é complemento indirecto de dar.
Eis a explicação:
Há aqui três elementos que tomam parte na acção de dar: O João, o livro e a Maria.
A acção origina-se em O João.
Podemos dizer que o João inicia a acção de dar no momento em que ele se começa a movimentar para pegar no livro. Mas no momento em que pega no livro, a acção transmite-se directamente de o João para o livro. Dizemos directamente, porque a acção de dar transmite-se de o João (sujeito) para o livro (complemento directo) sem que nada se interponha entre o João e o livro. Dizemos que a Maria é complemento indirecto de deu, porque a acção de deu não passou directamente de o João para a Maria, porque entre o João e a Maria interpôs-se o livro. Por isso, dizemos que à Maria é o complemento indirecto de deu. Isto percebe-se bem, examinando o seguinte:
O João deu o livro à Maria.
Na frase do nosso consulente, o elemento a Deus é complemento indirecto de rogai, porque rogai = fazer um rogo (pedido).
Isto é:
Fazei um rogo a Deus por nós.
O elemento por nós significa em favor, em protecção de nós.
O elemento por nós desta oração em análise não pode ser complemento indirecto de rogai, porque esse nós não recebe indirectamente o rogo (o pedido) contido em rogai. O que o elemento nós pode receber não é o rogo (pedido), mas o resultado de ter sido feito um rogo a Deus. O pedido foi dirigido a Deus e em Deus ficou.
Sendo assim, parece que a melhor maneira de classificar o complemento por nós é dizermos que é um complemento verbal de rogai, indicativo de uma circunstância de protecção.
3. – Sim, um verbo pode ter dois ou mais objectos (ou complementos) indirectos. Aqui vai uma oração com três:
O Patrício emprestou dinheiro à Eduarda, à Irene e ao Paulo.