O Dicionário Terminológico (ex-TLEBS) não contempla as noções de versificação. Por este motivo, é mesmo necessário contentarmo-nos com os preceitos definidos em diferentes gramáticas e manuais. Sugiro a consulta de uma gramática de referência como a de Celso Cunha e Lindley Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo, pág. 697):
Rima encadeada
«[...] quando o 1.º verso rima com o 3.º; o 2.º com o 4.º e com o 6.º; o 5.º com o 7.º e o 9.º e assim por diante [...]»
ex. (ibidem):
Sei de uma criatura antiga e formidável,
Que a si mesma devora os membros e as entranhas
Com a sofreguidão da fome insaciável.
Habita juntamente os vales e as montanhas
E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.
Traz impresso na fronte o obscuro despotismo.
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
Parece uma expansão de amor e de egoísmo.
(Machado de Assis)
Uma chamada de atenção: para outros autores, a rima encadeada é o mesmo que rima interior ou interna (ver abaixo).
Rima interior
Pode ser:
a) leonina, se houver «a correspondência de sons finais entre os dois hemistíquios de um verso» ibidem); ex (ibidem):
Como são cheirosas as primeiras rosas!
(Alphonsus de Guimaraens)
b) com eco, «em que se repetem consonâncias dentro do mesmo grupo fónico» (ibidem); ex. (ibidem):
Donzela bela, que me inspira a lira
Um canto santo de fremente amor
Ao bardo o cardo da tremenda senda
Estanca, arranca-lhe a terrível dor.
(Castro Alves)
c) uma «combinação rítmica da palavra final de um verso com a palavra que termina o primeiro grupo fónico do verso seguinte» (ibidem); ex. (ibidem):
Anjo sem pátria, fada errante,
Perto ou distante que de mim tu vás,
Há de seguir-te uma saudade infinda,
Hebreia linda, que dormindo está.
(Tomás Ribeiro)