Na maior parte das cantigas, a troça, o gozo e a sátira dos hábitos, costumes e vícios de categorias sociais e profissionais (ou de pessoas bem conhecidas da sociedade) têm como intenção final moralizar. Não nos podemos esquecer de que uma das características desta época é, precisamente, a visão teocêntrica do mundo, isto é, o mundo gira à volta de Deus, e, como tal, os valores culturais submetem-se à religião.
Linguisticamente, estas cantigas caracterizam-se pela predominância verbal e adjectival, o trocadilho e o jogo semântico, no qual se verifica tanto a inversão semântica de expressões líricas usadas nos outros cantares, como a polissemia. Também há uma grande variedade lexical e termos relacionados com a vida e o ambiente da época.
As cantigas de escárnio satirizam de forma indirecta e velada, para que o destinatário não seja reconhecido, e o efeito estilístico predominante é a ironia.
As cantigas de maldizer caracterizam-se pela identificação da pessoa satirizada, sendo a crítica feita de forma directa e objectiva, numa linguagem insultuosa, bruta e, mesmo, obscena.
Para fazer uma análise poética, deve identificar:
1. O tema: o tema geral, independentemente de como este é tratado ao longo da cantiga, neste caso;
2. O assunto: a forma como o tema se desenvolve. Este ponto pode ser apenas o resumo daquilo que o sujeito poético foi dizendo ao longo da cantiga;
3. Os recursos estilísticos: faz-se verso a verso; aqui há que ter em conta as figuras de estilo presentes e as características formais da poética provençal.