Nessa frase há mais do que um recurso estilístico, destacando-se os seguintes:
— a personificação, uma vez que «a evidência» é colocada ao nível da pessoa do sujeito de enunciação, sendo-lhe atribuídas qualidades (a nível da capacidade de raciocinar) próprias do ser humano;
— a metáfora em «paira uma névoa», pois há aí a fusão de duas realidades sem o termo de ligação/comparação (é como se pairasse uma névoa), em que o sujeito recorre à imagem da névoa a pairar para procurar verbalizar a dificuldade que tem em «ver», em «compreender» algo que é considerado evidente;
— o pleonasmo em «névoa cinzenta», porque se está a repetir uma ideia, uma vez que a névoa é cinzenta. Com este pleonasmo, o sujeito quer evidenciar a cor cinzenta da névoa, tornando-a quase espessa, marcando o facto de o impedir de vislumbrar o que deveria «ver».