DÚVIDAS

Que/quem

Sou brasileiro e aprecio muito nossa língua.

Primeiramente, gostaria de parabenizá-los pela excelente iniciativa desta página.

Ao ler a resposta referente ao prefixo co-, em dado momento, o Sr. José Neves Henriques menciona:

"O profissional de tais actividades é que sabe distinguir, e não eu."

Minha dúvida: quando nos referimos a pessoa, não devemos usar "quem" ao invés de "que"?

Grato.

Resposta

Quando nos referimos a pessoas, umas vezes empregamos quem, outras que, conforme a frase:

(a) Já se foi aquele homem que muito me ensinou.

(b) A mulher que eu amo é a Maria.

(c) A mulher a quem amo é a Maria.

(d) Quem me disse isso foi o João.

Nas frases (b) e (c), tanto o que como o quem são complementos directos.

Outros exemplos:

(e) Este é o meu pai, de que muito me orgulho.

(f) Este é o meu pai, do qual muito me orgulho.

(g) Este é o meu pai, de quem muito me orgulho.

Geralmente empregamos a frase (g); por um lado, porque soa melhor; por outro, porque o pronome relativo quem frisa, acentua mais nitidamente a pessoa a quem nos referimos. Percebe-se porquê, não é verdade?

É doutrina errada a que afirma que devemos usar o pronome relativo quem, e não que, quando nos referimos a seres humanos.

A frase por mim empregada está, pois, inteiramente certa. Aquelas duas palavritas, é que, são uma expressão de realce, que muito se usa. Serve para salientar, para realçar aquilo que se diz. Por isso, podemo-la suprimir:

(h) O profissional de tais actividades sabe distinguir, e não eu.

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