Ambas as formas são correctas.Com efeito, quando o pronome átono tem a forma o, a, ou os respectivos plurais, e o verbo termina em -s, -r, ou -z, esta consoante final desaparece e o pronome toma a forma -lo, -la:
(1) Vês o João?
(2) Vê-lo?
Além disso, se a vogal for o, a ou e e, simultaneamente, for tónica, adquire, quando o não tem, um acento gráfico:
(3) Faz o trabalho.
(4) Fá-lo.
Acontece, porém, que o verbo querer – que tem hoje no presente do indicativo, terceira pessoa do singular, a forma: quer – se conjugava outrora, no presente do indicativo, como qualquer verbo regular da segunda conjugação, sendo a terceira pessoa: (ele) quere, como ele come. O -e final caiu e hoje ainda se encontram marcas da sua existência na conjugação do verbo com o pronome átono o ou a: Daí aceitar-se a forma quere-o (como come-o), considerada por alguns estudiosos preferível a qué-lo. Embora haja quem considere a forma qué-lo antiquada ou popular, creio que o fenómeno é exactamente o contrário, uma vez que esta forma obedece às regras gramaticais para a construção dos verbos com o pronome átono o, ou a acima enunciadas, se tivermos em conta a forma actual do verbo – quer.
Gostaria apenas de referir o facto de o o em «perceber o porquê» não ser necessário, devendo ser evitado o seu uso num registo mais formal.