Vejamos então as frases:
a) … experiências e estudos que se planejavam.
b) … experiências e estudos que se planejava.
Na frase a), temos a voz passiva, porque o se é uma palavra ou partícula apassivante ou apassivadora. Por isso, está a apassivar o verbo. Isto é, se planejavam = eram planejadas.
Na frase b), o se é um pronome indefinido, indeterminante do sujeito. Mostra que o sujeito está indeterminado. Também há quem o denomine de palavra indeterminante do sujeito. Isto é, alguém planejava, mas não se sabe quem.
Há quem admita a sintaxe da frase a) e a da frase b). Em Portugal, opta-se mais pela frase a), e compreende-se: estamos em presença do plural experiências e estudos. Com este plural, coaduna-se melhor o plural se planejavam. A sequência destes dois plurais, ou, se quisermos, destes três plurais - experiências, estudos e planejavam - levam-nos a visualizar, a «sentir» mais nitidamente a existência duma pluralidade do que apenas os dois plurais que temos na frase b).
Vejamos, agora, a frase completa:
Por falta de verba, foram suspensas experiências e estudos que se planejavam/planejava fazer.
O elemento experiências e estudos de modo nenhum pode ser «o objecto da segunda oração», porque não pertence à segunda, mas à primeira.
Na frase b), temos o pronome relativo que a substituir experiências e estudos. Bem sabemos, pois, que um pronome é uma palavra que está em vez (pro) dum nome. Isto é, está a substituí-lo, a representá-lo:
… foram suspensas experiências e estudos que se planejava = … as quais / os quais alguém (se) planejava.
O pronome relativo que é complemento directo de planejava. E o se é partícula ou palavra indeterminante do sujeito. É como se disséssemos: «que alguém planejava». Este verbo está na voz activa, como vemos.
Há frases em que se percebe melhor esta função de o se ser partícula indeterminante do sujeito. Aqui vão duas frases:
Aqui está-se bem.
Na tal reunião só se falava quando era preciso.
Vejamos agora a frase a), em que o se é partícula ou palavra apassivadora, porque está a apassivar o verbo:
«… experiências e estudos que se planejavam» = … experiências e estudos que (= os/as quais eram planejados/das).
Aqui, o pronome relativo que desempenha a função de sujeito, como se compreende. Ele é que é o sujeito, e não «experiências e estudos»:
… experiências e estudos que eram planejados/das.
É esta frase, com o se a apassivar o verbo, que geralmente se usa em Portugal. A outra, em que o verbo está na activa, é condenada por alguns conhecedores do português, a não ser em frases do tipo das apresentadas atrás: Aqui fala-se bem; corre-se o risco de perder dinheiro; abre-se a porta e entra-se; no Inverno tem-se frio, etc.
Se houver alguma dúvida ou discordância, talvez até por deficiência na minha explicação, estou ao dispor do prezado consulente para o elucidar, se possível me for.