É vulgar o complemento directo (acusativo) regido de preposição:
1. – Quando o complemento directo é um pronome pessoal tónico, como ele, ela, me, mim, ti, si, nós, vós:
(a) Até parece que amas mais a mim do que a ti.
(b) Ele quer muito a nós e a vós.
2. – Quando o complemento directo é o pronome quem:
(c) És tu a mulher a quem mais amo.
3. – Para clareza da frase:
(d) Convence enfim o pai ao filho. Sem a preposição não sabemos se o sujeito é o pai, se o filho.
4. – Em expressões de reciprocidade, para maior clareza e eufonia:
(e) Cumprimentaram-se uns aos outros.
5. – Com substantivos próprios ou comuns, quando se referem a pessoas ou a entidades da religião, principalmente na expressão de sentimentos:
(f) Devemos amar a Deus e ao próximo.
(g) O dinheiro atrai a pequenos e a grandes.
6. – Em frases de natureza enfática, em que o complemento directo vem no princípio:
(h) A teus pais, nunca desrespeites.
(i) Ao teu próximo, ajuda-o sempre que possas.
7. – Quando o complemento directo é ambos, às vezes seguido de pronome ou de substantivo:
(j) Deu o almoço a ambos eles.
(l) Desrespeitou a ambos.
8. – Quando o complemento directo é um dos pronomes indefinidos seguintes: um, outro, tanto, quanto, todo, ninguém:
(m) Tanto quero a uns como a outros.
(n) A todos eu estimo, e a ninguém odeio.
9. – Emprega-se muito a preposição de em frases enfáticas como as seguintes:
(o) Puxou da faca (espada) arma e matou-o.
(p) O João pegou da serra e cortou a tábua.
10. – Também se emprega a preposição com em frases como as seguintes:
(q) Devemos cumprir com os nossos deveres.
11. – Algumas frases dos jornais:
(r) ... aceitou-o, mas não ao dinheiro.
(s) Assim interpelou Deus a Caim, que acabava de matar o seu irmão.
(t) Ele não ama a nada, nem a ninguém, nem sequer a si mesmo.
(u) Como não poderemos nós sentir-nos alegres, quando seguimos ao Senhor?
(v) Deus abençoou-nos e a eles.
Notas:
1. – É correcta a pergunta: A quem ajudou a Ana?
2. – A preposição a, regendo complemento directo, distingue-se dos outros casos, porque esse complemento directo depende dum verbo transitivo. Às vezes, até podemos suprimir a preposição:
(a) A Maria ama (a) Francisco.
(b) Honra (a) teu pai e tua mãe.
3. – Não é correcto dizer-se «obedecer a pessoa», porque obedecer não é verbo transitivo directo, mas transitivo indirecto, por isso o correcto é «obedecer à pessoa».
4. – Dizemos «sobreviver a/lhe», porque este verbo não é transitivo directo.
5. – O verbo faltar é também transitivo indirecto. Portanto, dizemos «faltar à aula/ao exame, etc.
Se alguma dúvida permanecer, estamos ao dispor.