A discordância do nosso consulente está no facto de a nomenclatura gramatical portuguesa ser, neste caso, um pouco diferente da nomenclatura brasileira.
Vejamos, então, as frases seguintes de acordo com a nomenclatura brasileira:
(a) Poucas pessoas se salvaram no desastre.
(b) Poucos sabem o que se passou.
Em vez de «pronome adjectivo indefinido» é melhor dizer-se «pronome indefinido adjectivo», porque poucos é verdadeiramente um pronome indefinido. Destes pronomes,
1 - uns desempenham a função de substantivo;
2 - outros, a função de adjectivo;
3 - e, ainda outros, ora a função de substantivo ora a de adjectivo. Está neste caso o pronome indefinido pouco. Portanto:
Na frase (a), poucas é um pronome indefinido adjectivo. Desempenha função de adjectivo, porque determina pessoas. Em Portugal, costuma-se, não raro, denominá-lo apenas de adjectivo indefinido. Mais modernamente, também, se lhe chama determinante indefinido.
Na frase (b), poucos é um pronome indefinido substantivo. Desempenha função de substantivo, porque é o sujeito de sabem.
O caso fica esclarecido?