A pergunta que coloca é muito pertinente. De facto, na resposta a que alude, não referi esse aspecto, porque me pareceu fugir um pouco ao objectivo geral da mesma, tendo apenas referido que a forma da segunda pessoa do plural caiu em desuso no português padrão.
Ainda bem, pois, que volta ao problema. Assim, o Ciberdúvidas tem a possibilidade de completar o que ficou em falta na resposta anterior.
De facto, na maior parte dos casos, as formas verbais são paroxítonas (graves), ou seja, são acentuadas na segunda sílaba a contar do fim. Porém, na segunda pessoa do plural isso não acontece. A razão é, no entanto, bem simples: a terminação actual -ais, -eis ou -is (que é uma única sílaba) era, antigamente, -ades, -edes, -ides (duas sílabas). Ainda hoje, em alguns verbos irregulares (por exemplo, o ir) esta terminação aparece (vós ides ou vós is) e em algumas regiões de Portugal é também possível ouvir-se (porque ainda se usa a segunda pessoa do plural) “vós andades” ou “vós comedes”.
Aconteceu, porém, que o d intervocálico caiu e o e foi transformado em i. Apesar disto, o acento manteve-se na vogal que anteriormente era acentuada, o que fez com que hoje tenhamos que vós possais, que vós façais e que vós saiais.