A expressão «português europeu» foi uma fórmula para evitar a repetição que se ouve em «português de Portugal». É correcta, na medida em que os países africanos que utilizam a língua utilizam a norma adoptada em Portugal.
Por trás de sua proposta de chamar esta norma de «português mundial», está uma ideia de hegemonia que não tem muito cabimento: não há donos da língua, ninguém registou a patente dela, nem é preciso pagar «royalties» pelo seu uso.
Se for tomado número de falantes, o português do Brasil seria muito mais «mundial» - são mais de 165 milhões de falantes, contra os quase 35 milhões dos outros seis países que usam o idioma. Também a presença da língua no mundo ganha peso apenas pelo facto de o Brasil, com sua presença política e económica o falar. Se não, a língua estaria condenada a ter um peso semelhante ao neerlandês.
Não é esse o ponto de vista que considero mais correcto sobre o assunto. As discussões nacionalistas sobre a língua não ajudam à melhor compreensão do idioma e da sua diversidade. Temos de comemorar as contribuições oriundas das diversas origens para fortalecer a língua e dar-lhe maior vitalidade e expressividade.