O que um indivíduo atormentado é capaz de dizer!
Nem imagina o que eu lhe diria a si, se estivesse a ver "Gertrud", de Dreyer, tendo a menina, perto, a interpretar um concerto para dente e pipoca, com estoiros de plástico no intervalo entre pacotes! Para que me não acabe por exceder, como aconteceu ao seu pai, só frequento salas quase vazias.
Os dicionários de Aurélio, da Porto Editora e de José Pedro Machado (etimológico) apontam o tupi como origem da palavra portuguesa pipoca – o partir da pele, o estalar do milho quando se frita.
Em "A Corja" – romance cuja leitura me permito recomendar-lhe –, Camilo Castelo Branco menciona a palavra como dança: o «...sapatear pipocas das roceiras, com muitos regamboleios de quadris e o pé arqueado».
Não diz é se as roceiras comiam pipocas enquanto dançavam.