Recomenda-se: «Pessoa importuna não é boa camarada.» Repare-se que o sujeito da frase é «pessoa importuna», cujo núcleo é um nome feminino – pessoa. Por sua vez, camarada é um nome comum de dois géneros, e o constituinte nominal de que faz parte – «boa camarada» – tem a função de nome predicativo do sujeito. Como o sujeito é feminino, a expressão nominal que o qualifica deve ir, também, para o feminino.
Porém, parece-nos que não é impossível «bom camarada», uma vez que pessoa é um nome sobrecomum, ou seja, referencialmente, aplica-se a entidades dos dois géneros: «O João é uma pessoa inteligente»/«A Irene é uma pessoa inteligente». Frases em que o verbo ser identifica duas expressões nominais (como pode também ser o caso da frase em apreço) podem apresentar essas discrepâncias de género: «O meu cônjuge é uma mulher extraordinária.»