Não considero que pelo e pêlo se relacionem através de homografia, pois esta é uma propriedade semântica característica de duas unidades lexicais que possuem a mesma forma gráfica, mas formas fonéticas diferentes, conservando significados diferentes. Neste caso a grafia de pelo e pêlo não é idêntica, pois o acento circunflexo é um sinal gráfico, o que altera a grafia das palavras. Considero homógrafas palavras como s[e]de e s[ɛ]de, em que a grafia é realmente idêntica e a fonia é diferente. Como a grafia e os significados de pêlo e pelo são diferentes, mas a fonia é idêntica, as palavras são homófonas. São também consideradas homónimas uma vez que a homonímia é a relação entre duas unidades lexicais que partilham a mesma grafia e/ou mesma fonia mas que conservam significados diferentes. Acrescente-se que a pronúncia de pelo tem uma variante com o chamado e mudo ([p[ɨlu]; cf. Rebelo Gonçalves, Vocabulário da Língua Portuguesa, 1966). Neste caso, não só não se verifica a homografia de pêlo e pelo, como também não existe relação de homonímia.
N.E. – (12/03/2018) A palavra pelo (antes pêlo) deixou de ter acento circunflexo, conforme o disposto no Acordo Ortográfico de 1990, no ponto 9 da Base IX ( sobre a acentuação gráfica das palavras paroxítonas), conforme se pode ver aqui. Do mesmo modo, passou a escrever-se contração (cf. Base IV, Das sequências consonânticas).