DÚVIDAS

Parágrafos

Tenho uma dúvida, de carácter meramente formal, que não é fácil de explicitar com clareza: no meu tempo de escola, aprendi que, quando se faz um parágrafo, a frase que inicia a secção seguinte do discurso deve ter uma entrada no texto que se distingue das margens com que a página é formatada.

Com a vulgarização do uso do computador, que nestas coisas da forma por vezes parece ter vontade própria, este modo de organização da escrita parece estar a entrar em desuso.Pessoalmente, continuo a fazer como aprendi, instruindo o computador nesse sentido. Acontece que sou professora e, como tal, tenho de ler, avaliar e corrigir muitos trabalhos escritos. Se, inicialmente, com algum excesso (?) de zelo, chamava a atenção dos meus alunos para todos os casos em que não respeitavam o que eu pensava ser a norma, devo confessar que me foram vencendo pela exaustão, e já me questiono quanto à razão substantiva que me assiste, se é que ela existe, para além de ter aprendido assim e de se ter tornado um hábito. Mas, afinal, a tradição já não é o que era...

Agradecia o vosso esclarecimento.

Resposta

Na minha opinião, continua válida a regra da abertura de parágrafo graficamente representada pelo espaço «aberto» que precede o texto. «Abrir parágrafo» é expressão que não esqueceram os que faziam «ditados» na instrução primária, mas que hoje só os que corrigem provas tipográficas parecem conhecer. Resultado: parágrafos «descosidos», separados por espaços interlineares, formando textos aparentemente sem unidade e dos quais está ausente qualquer harmonia gráfica.

Fiz uma vez esse reparo a uma dactilógrafa que me replicou não saber eu mais do que «o sr. dr. que lhe tinha ensinado a fazer tratamento de texto!»

Decerto, respondi, mas eu gosto assim...

Claro que não era só uma questão de gosto.

Tratava-se da compreensão, da clareza e da harmonia do texto, pelas quais valia a pena fazer prevalecer a minha opinião. Admito, no entanto, que em textos impressos por profissionais estes usem outros modos de «abrir parágrafo», recorrendo às artes gráficas para tornar clara a arrumação, a sequência, a estrutura de um texto.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa