Mosquito e moscardo têm historicamente uma constituição semelhante à dos diminutivos e aumentativos que se obtêm pelo processo derivação. É preciso, porém, notar que de mosca a mosquito há uma mudança de género que é significativa do ponto de vista do sentido deste derivado. Quanto a moscardo, há um sufixo que é actualmente pouco produtivo em português ou que já não é sentido como tal; com terminação em -ardo contam-se, por exemplo, bastardo e felizardo, que não são aumentativos.
Deste modo, diremos que mosquito e moscardo são formas que derivaram de mosca através da sufixação de -ito e -ardo, mas que são hoje encaradas como palavras com um sentido específico. Estamos, portanto, perante um caso de especialização de formas (ver Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, pág. 200). No caso de mosquito, não se está a referir o mesmo que mosca pequena; e a respeito de moscardo, não se alude só a uma mosca grande, mas também a um certo tipo de mosca.