José Pedro Machado regista Chães como topónimo no seu Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, localizando-o apenas em Barcelos e Felgueiras e propondo uma eventual relação com o plural de chão, que, em vez de chãos, passaria a "chães", talvez (sugere-se agora aqui) por analogia com capitão, que pluraliza como capitães. Estes plurais foram frequntes no português popular, como se pode verificar num artigo de Leite de Vasconcelos (1858-1941), que os registou na região de Óbidos, alguns quilómetros mais a norte da zona do Cadaval ("Ementas Gramaticais", Revista Lusitana, vol. XXXVII, 1939, pág. 6):
«[...] Mais pl[urais] em -ães, do concelho de Óbidos: chães "chãos", pinhães [pinhões], malães "melões", piães "peões", coraçães, grães, testães, mas mãos [...].»
Observe-se, no entanto, que uma consulta na Internet permitiu localizar um blogue que faculta alguns pormenores sobre o significado original deste topónimo na região do Sabugal (distrito da Guarda), mais precisamente em Vilar Maior (Memórias de Vilar Maior, minha terra, minha gente; sublinhado meu):
«Quanto aos chães eram, como as tapadas, propriedades muradas, por norma, em altitudes inferiores e de área mais reduzida e com uma terra mais forte, mais abrigados dos ventos prestavam-se à cultura do trigo (nomeadamente o trigo sacho), do milho, do gravanço, do tremoço. Por vezes, serviam rotativamente de nabal, de batata secadal e até de meloal. As paredes com boa exposição solar serviam para amparo a latadas. São tão disseminados que eu penso que mesmo uma pessoa tão versada como o sr Jarmeleiro terá dificuldade em os nomear, para além daqueles que são os principais, os maiores e os melhores: O Chão da Ponte (em tempos o sr Fernando arrendava as sobras das águas do pio para rega) e o Chão de S. Pedro – que do santo há-de ter sido.»
E mais adiante num comentário, na mesma página, pode recolher-se mais informação sobre o uso de Chães para referir vários topónimos que integram o nome Chão (mantiveram-se as formas regionais, que vão assinaladas):
«[...] aí vai o rol dos chães e dos quintais, que nem é nada que se acompare [sic] ao das tapadas ou das vinhas. Assim sendo, começo pelos chães mais conhecidos que são os da Fôrca. Depois os Chães de Concelho, os das Casas dos Moiros, os do Arressaio , os das Eiras, os do Castelo, o Chão da Regada, O Chão da Chacra, o do Enxido , o da Mina e por fim, o Chão da Cavelariça [sic], que ficando nos arredores do castelo, deziam [sic] os antigos que era ali que que ficavam as cavelariças [sic] onde os nobres e o alcaide do castelo recolhiam as cavalgaduras. É claro que os reis dos Chães , são mesmo o da Ponte e o de São Pedro, ou não tivessem eles pertencido a gente de sangue azul, o primeiro e a um santo o outro.»
A forma Chães é, portanto, o plural de Chão, inicialmente usado como nome comum masculino, com o significado descrito na primeira citação, e depois também como nome de lugar, pelo menos no concelho do Sabugal.
É plausível que o lugar de Chães no concelho do Cadaval tenha, portanto, uma origem semelhante.