O verbo levar é transitivo direto e indireto*. O sujeito desse verbo é, contextualmente, indeterminado. O seu objeto direto é «todos os (pecados) que lhe (ao conselheiro) atribuíam na terra». O seu objeto indireto é «à coluna dos pecados».
Assim, segundo a compreensão do que se delineia na gramática de Celso Cunha e Lindley Cintra, o primeiro lhe funciona sintaticamente como objeto indireto pleonástico, reiterando enfaticamente o objeto indireto «à coluna dos pecados».
Quanto ao sentido, o consulente fez a leitura correta.
Sempre às ordens!
* Por ser brasileiro o consulente, usou-se a nomenclatura gramatical tradicional do Brasil.
N. E. – A resposta é dada no quadro da terminologia gramatical que é utilizada no Brasil, em contexto não universitário. Numa perspetiva mais avançada, diz-se que, na frase em questão, o pronome lhe não é argumento do verbo e, portanto, não tem qualquer função sintática; contudo, tem conteúdo semântico, permitindo indicar o interesse ou o envolvimento de alguém numa situação ou num acontecimento. Por exemplo, em «não me enviem cartões a essas pessoas», o pronome me não é objeto indireto, mas refere-se ao interesse que o sujeito da enunciação pode ter numa dada situação (no caso, pretende-se impedir uma ação: «não enviem cartões a essas pessoas») – cf. "Pronomes de interesse (dativo ético)". Do mesmo modo, na frase em questão, ou seja, «se... lhe levassem à coluna dos pecados todos os [pecados] que...», o pronome lhe não tem qualquer função sintática associada à forma verbal levassem, mas indica que a ação referida por esta forma verbal e pelos seus complementos diz respeito à figura do conselheiro.