Normalmente, os dicionários não registam vel como uma palavra lexical. É o caso do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, que regista vel, ou como antepositivo (vel-, p. ex., em veloso e veludo, com a ideia geral de «pêlo») ou pospositivo (-vel, p. ex. em possível). No entanto, o termo vel está de fa(c)to registado como arcaísmo ou vocábulo já histórico no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado; significa, como conjunção, «embora», «ao menos», «pelo menos» e, como advérbio, «bem como», «ao menos» (não consigo perceber como bem como pode ser classificado advérbio).
Procurei a palavra em apreço noutra obra de José Pedro Machado, o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, mas não encontrei qualquer referência que pudesse explicar a sua origem. Suponho que se trata da conjunção latina ‘vel’, «ou», «se queres», «ou se queres» (ver António Gomes Ferreira, Dicionário de Latim-Português, Porto, Porto Editora, s. d.). Este vocábulo é conhecido no período galego-português, pois ocorre pelo menos em duas cantigas (ver José Joaquim Nunes, Crestomatia Arcaica, Lisboa, Livraria Clássica Editora, págs. 156 e 299).
Quanto a ontologia, há muitas definições disponíveis quer em dicionários de língua quer em dicionários de filosofia. Proponho uma das acepções do Dicionário Houaiss: «segundo o aristotelismo [termo em itálico no original], parte da filosofia que tem por objeto o estudo das propriedades mais gerais do ser, apartada da infinidade de determinações que, ao qualificá-lo particularmente, ocultam sua natureza plena e integral [...]»