Segundo o jornalista e escritor moçambicano Luís Carlos Patraquim, a quem agradecemos esta resposta, a grafia actual Cahora-Bassa corresponde efectivamente à pronúncia da língua local.
Trata-se da língua nhúngue1, falada também na cidade de Tete. Luís Carlos Patraquim lembra ainda o seguinte:
«Há, no entanto, registo de grafias anteriores, onde se mantém como invariante a opção pelo “h” em vez do “b”, utilizado mais tarde na designação oficial da barragem pelo regime colonial português.
«O Dicionário Corográfico da Província de Moçambique (ed. Ministério das Colónias, Comissão de Cartografia, 3.º fascículo, Zambézia – Distrito de Quelimane e Distrito de Tete, impressão da Imprensa da Universidade de Coimbra, 1926) regista o topónimo do seguinte modo:
«“Kahoura-Bassa – É o nome dado ao troço do Zambeze, que vai desde a longitude 32 graus e 28 minutos até à longitude 32 graus e 52 minutos E. G. (aproximadamente), onde as cachoeiras em que o rio se despenha tornam impossível a navegação. Kahoura-Bassa significa, na língua do país, ‘Acaba o trabalho’.”»
1 O povo húngue habita a actual província de Tete junto da cidade do mesmo nome e nos distritos de Moatize, Changara, Cahora-Bassa e Magoe.
N. E. (24/09/2020) – Para o estudo desta questão, entendeu Álvaro Campos de Carvalho (engenheiro civil, Estoril) dar o seguinte contributo, que muito se agradece:
«Li a explicação dada sobre a origem e ortografia de Cahora Bassa, tendo como base uma explicação inicial do Patraquim, que é de Maputo. Eu sou de Tete, vivi na Chicôa (Chicova em muitos portulanos), falo xiNhungué e conheci os rápidos (cachoeiras) de Cahora Bassa bem antes da construção da barragem. A origem do nome Cahora Bassa sempre suscitou muita discussão e, feliz ou infelizmente, ainda não teve resposta definitiva. A complexidade da identificação da origem do nome é perfeitamente documentada por António Cabral no seu Dicionário de Nomes Geográficos de Moçambique editado em Lourenço Marques (Maputo) em 1975. Boa leitura.»