O verbo assistir, com o sentido de cuidar, auxiliar, prestar socorros, pode ser transitivo directo ou indirecto. Os exemplos que se seguem foram retirados do Corpus do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, disponível no seguinte endereço: http://www.clul.ul.pt/frames.html
TD – Esta unidade assiste, em média, uma quantidade superior a dois mil doentes. Ref. J64997
TI – Assistamos a Guilhermina que em suas feridas se contorce. Ref. L0430P0109X
As duas frases que a consulente indica estão, pois, as duas correctas. Em ambas é possível fazer a substituição do complemento pelo pronome pessoal correspondente: «O médico assiste os doentes/O médico assiste-os» ou «O médico assiste aos doentes/O médico assiste-lhes»
Segundo Celso Luft, Dicionário Prático da Regência Verbal, o verbo assistir era, inicialmente transitivo indirecto: assistir a alguém; assistir-lhe. Este autor considera que a introdução da transitividade directa aconteceu por analogia com outros verbos com um sentido próximo, como ajudar, auxiliar, proteger, etc. Este verbo pode ainda ser intransitivo, ou melhor, transitivo oblíquo, isto é, precisa de um complemento introduzido por uma preposição, a. Com esta construção significa, mais frequentemente, ver, estar presente: O João assistiu a um filme.
Note-se que, embora a preposição que introduz o complemento seja a, se não trata de um complemento indirecto, pois não pode ser substituído por lhe: O João assistiu a um filme. / *O João assistiu-lhe.
Refira-se ainda que, no Brasil, o verbo assistir com o sentido de ver, estar presente é cada vez mais utilizado como transitivo directo, sendo comum dizer-se: O João assistiu um filme.