DÚVIDAS

O infinitivo como complemento nominal

Quanto ao exemplo de infinitivo aplicado como complemento nominal de alguns adjetivos («Esse exercício é fácil de fazer»), isso também não ocorre com alguns substantivos desde que o substantivo peça algum complemento nominal? Exemplo:

«Ela tem o direito de reivindicar.»

«De reivindicar» também é complemento nominal?

E se a frase fosse: «Ela tem o direito de reivindicar por seus direitos.» Somente nesse caso se teria uma oração subordinada completiva nominal reduzida de infinitivo?

E quanto a uma frase em que o nome não pede complemento, exemplo: «Ele disse novidades de entusiasmar»? «De entusiasmar», aqui, seria então uma oração adjetiva reduzida?

Obrigado.

Resposta

1. Numa perspectiva tradicional, um complemento nominal liga-se «[...] ao substantivo, ao adjectivo ou ao advérbio cujo sentido integra ou limita» (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, pág. 140)». Por conseguinte, se «de fazer» e «de reivindicar» dependem do adjectivo fácil e do substantivo direito, respectivamente, então é porque são complementos nominais.1 Como os núcleos desses complementos são verbos no infinitivo, dizemos que essas orações são completivas reduzidas de infinitivo; e podemos ainda afirmar, seguindo a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGP), que se trata de completivas-nominais.2

2. Quanto à frase «Ele disse novidades de entusiasmar», a resposta é sim, atendendo ao que Evanildo Bechara exemplifica na sua Moderna Gramática Portuguesa (Rio de Janeiro, Editora Lucerna, 2002, pág. 516):

«As orações adjetivas reduzidas têm o verbo, principal ou auxiliar, no:

a) infinitivo:

"O orador ílhavo não era homem de se dar assim por derrotado" [Almeida Garrett...].»

Ou seja, orações introduzidas pela preposição de que modifiquem um substantivo são equivalentes a orações adjectivas não finitas: «Ele disse novidades de entusiasmar.» = «Ele disse novidades que entusiasmam/entusiasmavam»; «O orador ílhavo não era homem de se dar assim por derrotado.» = «O orador ílhavo não era homem que se desse assim por derrotado.»

1 Outras perspectivas propõem que frases como «esse exercício é fácil de fazer» se analisam como estruturas em que se encaixa uma construção passiva infinitiva (ver João Andrade Peres e Telmo Móia, Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 1995, pág. 214; ver também Textos Relacionados).

2 O termo «oração substantiva completiva-nominal» consta da NGP sem explicação do seu conteúdo. Presumo que se trata de uma oração com a função sintáctica de complemento nominal.

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