Para compreender melhor o que se passa com a palavra jóia[1], analisemos, por exemplo, o que se passa com a palavra lua. Temos um encontro vocálico com o elemento u (que frequentemente figura como semivogal, ex.: cacau) mas que em lua funciona como vogal, porque u é tónico na palavra.
O fenómeno é semelhante em jóia. Temos o ditongo decrescente indivisível, tónico ói e a vogal a.
Para alguns gramáticos, temos nos dois casos um hiato: ¦lu-a¦ ¦jói-a¦. O que acontece é que em jóia não temos um intervalo na articulação dos sons como por exemplo em lua (duas vogais). Em jóia, a semivogal i arrasta-se do ditongo para a vogal, e, na pronúncia, sente-se uma ligação do tipo ¦jóiia¦, em que a semivogal atenua o hiato. Como já tenho dito, e sem consenso, à semivogal que faz esta ligação chamo eu uma glide. A nossa comum língua é avessa aos hiatos, companheiro professor, e busca a harmonia sempre que possível.
Cumprimenta o irmão na língua.
[1] N. E. (2/10/2018) – Joia, no quadro do Acordo Ortográfico de 1990 (base IX, secção 3). Segundo esta norma, as palavras graves (paroxítonas) que apresentam o ditongo oi na sílaba tónica deixam de escrever-se com acento gráfico: jóia → joia; jibóia → jiboia, heróico → heroico.