Em primeiro lugar, não se pode deixar de analisar o que é a elipse e qual a sua importância num discurso. Ora, segundo o Dicionário de Literatura, de Jacinto do Prado Coelho (dir.), elipse é «omissão numa frase, ou numa palavra, de elementos necessários à compreensão do sentido total», acrescentando que «Em rigor os elementos omitidos não são realmente necessários à compreensão do texto, mas foram-no, numa fase passada da língua, ou então consideram-se ausentes em relação a um discurso que exprimisse todos os nexos lógicos do pensamento, o que, na realidade, a linguagem nunca o faz. […] é útil, pelo menos, a consideração deste tipo de construção, pois exprime claramente as diferenças existentes entre a linguagem mais comum e os casos em que a concisão, a extrema economia de palavras, cria um novo tipo de comunicação em que se diz pouco e se subentende muito.»De acordo com o que foi dito, depreende-se que será a resposta B que é a correcta e não a C, porque:– é a resposta B que está correcta, pois, para além de ter omitido a palavra Justiça, implícita no sujeito da frase «Ela tem de ser imposta», evidencia a intenção do autor em subentender outros sentidos e/ou gerar uma incerteza no leitor quanto ao verdadeiro sujeito da frase (a palavra Justiça surge associada a arma e sugere, ao ser imposta e ao provocar descontentamento, a ideia contrária). A omissão da palavra alerta para a incoerência da própria palavra. Como é que se pode explicar que a Justiça tenha de ser imposta e, se é verdadeiramente justa, como é que «inevitavelmente descontentará um dos lados do conflito»? Esta explicação sobre a simbologia da Justiça realça a situação irónica da impossibilidade de materialização desse valor/conceito.– por sua vez, a resposta C, «Na Grécia, o papel cabia a Têmis», não foi considerada como a correcta, excluindo-se a hipótese da presença da elipse, porque não está presente qualquer ideia subentendida. O discurso é óbvio, porque a própria palavra escolhida para sujeito da frase – «o papel» – encerra naturalmente a ideia de representação de algo, retirando a hipótese de qualquer ideia/palavra omitida.