A formação do grau aumentativo pode ser feita por dois processos:
a) sinteticamente, mediante o emprego dos sufixos aumentativos usados em português: -ão (caldeirão, paredão), -alhão (vagalhão), -(z)arrão (homenzarrão, gatarrão, canzarrão), -eirão (asneirão, caldeirão), -aça (barbaça, barcaça), -aço (animalaço, ricaço), -ázio (copázio), -uça (dentuça), -anzil (corpanzil), -aréu (fogaréu), -arra (bocarra), -orra (cabeçorra), -astro (medicastro), -az (lobaz), -alhaz (facalhaz), -arraz (patrarraz);
b) analiticamente, acrescentando-se um adjectivo que indique aumento ou esteja relacionado com essas noções, tal como «grande», «enorme».
Quando se fala em aumentativos, é comum pensar-se na forma sintética, esquecendo-nos do processo analítico, apesar de ser bastante usual no discurso quotidiano.
Tendo como base a forma sintética, não podemos deixar de referir que o sufixo «-ão é, por excelência, o formador dos aumentativos em português» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 91), razão pela qual existe o termo carão, significando «cara grande» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2010), o que o confirma como aumentativo de cara.
Por sua vez, caraça é uma outra forma de aumentativo de cara, enquanto «cara desproporcionadamente grande» (idem), sendo esta a palavra atestada no capítulo «Aumentativos» de Nos Garimpos da Linguagem (1959, p. 51), de Luiz Autuori e Oswaldo Proença Gomes.
É de referir, também, que tanto carão como caraça têm outros sentidos, como o de «cara feia» e o de «máscara».
Na mesma linha de sentido, e tendo em conta a lista dos sufixos aumentativos acima indicados, poder-se-ia incorrer no erro de se classificar carantonha como aumentativo de cara, mas não o é, porque designa unicamente «cara feia».