A informação presente no dicionário não tem de ser interpretada como sugerindo que os numerais são uma subclasse dos nomes. Na verdade, em muitos usos que fazemos dos numerais cardinais, empregamo-los como substantivos, não significando isto que nos outros casos também sejam nomes. Por exemplo, numa frase como «No jardim zoológico há nove pinguins» a palavra «nove» é utilizada como numeral, mas em frases como «Vou apanhar o [autocarro] trinta e um», «Nove e nove são dezoito» ou «2002 foi um ano horrível» estamos perante numerais substantivados ou até mesmo substantivos – na última frase temos inclusivamente «2002» como nome próprio.
Não se pode dizer que os numerais cardinais e ordinais à esquerda de um substantivo – como em «três (tristes) tigres» – sejam substantivos, uma vez que ocorrem numa posição adjectival (num sentido lato). Mas é, de facto, fácil ocorrerem em posição de substantivo.
Há, inclusive, palavras classificadas em gramáticas como numerais, nomeadamente como numerais fraccionários («metade, terço, quarto...»), colectivos («dezena, dúzia, centena...») e algumas classificadas como numerais multiplicativos («dobro») que apresentam a distribuição sintáctica dos nomes, ou seja, ocorrem nos contextos sintácticos próprios dos substantivos.
Por isso, não é de espantar que outros autores os classifiquem como nomes.