DÚVIDAS

Não-autorizadas?

Sei que se trata de uma pergunta repetida, mas as respostas que encontrei no 'site' ainda não me satisfizeram.
   Gostaria de saber qual é a regra certa para o uso de não + hífen antes de adjetivo.
   Tenho visto em alguns dicionários, como o Aurélio, adjetivos precedidos de não + hífen (neologismos?). Encontrei também no Vocabulário Ortográfico alguns exemplos (poucos, mas há).
   Nas traduções técnicas, muitas vezes encontramos frases como:
   Lista de chamadas não-autorizadas.
   Lista de chamadas não autorizadas pela central.
   O uso de hífen na primeira frase (oração adjetiva reduzida de particípio) é correto?
   Um outro exemplo é este:
   Par trançado blindado X par trançado não-blindado.
   O termo "par trançado não-blindado" está registrado no Dicionário de Termos Técnicos de Luis Mendes Antas (Brasil). Muitas vezes, ficamos confusos pois muita gente "boa" aceita e registra esse tipo de caso.
   Vocês teriam uma solução?
   Obrigada.

Resposta

Não há regras oficializadas para o emprego do hífen. Cada um procede como lhe parecer melhor. Por isso é que às vezes lemos mais de meia dúzia de palavras ligadas pelo tracinho. Vou, no entanto, transcrever algumas regras da «Novíssima Gramática da Língua Portuguesa» de Domingos Paschoal Cegalla, mas um pouco resumidamente:
   1) Em palavras compostas cujos elementos conservam sua autonomia fonética e acentuação própria, mas perderam sua significação individual para constituírem uma unidade semântica: amor-perfeito, bem-te-vi, corre-corre.
   2) Para ligar pronomes átonos a verbos e à palavra eis: chamar-se-á, ei-lo.
   3) Em adjectivos compostos: rio-grandense, cor-de-rosa, sem-par, etc.
   4) Em vocábulos formados pelos sufixos tupis-guaranis açu, guaçu, mirim, se o elemento anterior acaba em vogal acentuada ou nasal: andá-açu, socó-mirim.
   5) Em vocábulos formados por prefixos que têm acentuação própria ou evidência semântica, como vemos nos seguintes: além-túmulo, co-fundador, ex-presidente, grã-fino, grão-mestre, pós-escolar, pré-nupcial, pró-alfabetização, recém-nascido, sem-cerimónia, vice-director, não-agressão.
   6) Depois dos seguintes prefixos, sempre que for preciso evitar pronúncias incorrectas:
   a) Antes de vogal, h, r ou s: auto-retrato, contra-ataque, extra-oficial, infra-som, neo-romantismo, pseudo-sábio, semi-selvagem, supra-renal, ultra-sensível.
   b) Antes de h, r ou s: ante-sala, anti-higiénico, arqui-rabino, sobre-humano.
   c) Antes de h ou r: inter-racial, super-homem.
   d) Antes de b ou r: sub-bibliotecário, sub-raça.
   e) Antes de vogal ou h: pan-americano, mal-humorado, circum-oral.
   f) Antes de palavras que têm vida autónoma e quando a pronúncia o exigir, temos apenas o prefixo bem: bem-amado, bem-estar, bem-me-quer.

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