Porque na resposta a esta pergunta se faz gentilmente referência ao «Prontuário» da Texto, não posso deixar de comentar a informação dada, não obstante o pouco tempo de que disponho presentemente.
Nesse «Prontuário» lê-se, na Parte III, RESUMO DAS REGRAS ORTOGRÁFICAS, ficha F19, alínea `USA-SE MAIÚSCULA´:
«Maiúscula nos nomes de raças, povos e populações (ex.: os Americanos, o Brasileiro [emprego do singular para representar o plural, por metonímia], os Peles-Vermelhas [maiúscula em ambos os elementos]; mas dois/alguns portugueses). O novo acordo não menciona esta obrigatoriedade.»
Repare-se que não se afirma que no novo acordo os gentílicos se irão grafar com minúscula inicial. Mais adiante está escrito: «pode depreender-se», o que confirma a incerteza.
Acresce que o novo acordo ainda não entrou em vigor, como se conhece e foi ultimamente referido em Ciberdúvidas. A norma em vigor para Portugal continua a ser a de 1945.
Da mesma forma, portanto, que não é legítimo passarmos a grafar em Portugal: «ação, adotar, hei de, creem, fim de semana, paraquedas, etc., aceites no novo acordo para o nosso país (e o consulente faz a sua pergunta a partir de Portugal) não é lícito afirmar, sem mais explicações, que o «Prontuário» legitima a escrita dos gentílicos com inicial minúscula.
Ora acontece que também não é justo considerar-se que a resposta está errada…
Em primeiro lugar, como se observa acima, a resposta está correcta, mesmo para Portugal, quando se trata de mencionar uma parte dos povos e não a totalidade.
Depois, a resposta fica completamente correcta, até quando referida à totalidade dos povos, na norma dos irmãos brasileiros (veja-se Base XVI, art.º 2.º, observação 2.ª).
Terão sido estas duas razões que justificam que no novo acordo possa acabar a obrigatoriedade para Portugal de inicial maiúscula nos gentílicos, no caso particular da totalidade (aliás para mim um preciosismo desnecessário na nossa norma, como alguns outros…).
Ao dispor,