2. O uso oral da língua assenta no pressuposto de que locutor e alocutário partilham o mesmo espaço perceptivo, ou seja, que estão em co-presença ou que interagem através de telefone, viedoconferência, etc. Por conseguinte, as coordenadas enunciativas (eu – tu – aqui – agora) não precisam de ser explicitadas. Como a intera{#c|}ção é imediata (quer seja presencial ou não), as inflexões, as corre{#c|}ções, as hesitações e as repetições são aspectos que caracterizam o discurso oral.
O uso escrito da língua pressupõe um distanciamento no tempo e no espaço entre emissor e receptor. O receptor pode ser uma entidade cole{#c|}tiva ou singular; poder ser conhecido do emissor ou não. Tal exige que as coordenadas da enunciação tenham de ser explicitadas (data, identificação do emissor, descrição das circunstâncias de escrita, etc.). O tempo da produção do discurso escrito é dilatado. Por conseguinte, o discurso escrito é assistido por decisões ponderadas relativas a reformulações e precisões, à ordenação frásica e interfrásicas, à sele{#c|}ção de vocabulário; enfim, de todas as opções que envolvem uma competência semântico-discursiva.
A escrita não é transcrição do oral.