De facto, o termo `socioistórico´ aparece aprovado em Ciberdúvidas com base num critério geral de Rebelo Gonçalves (RG), solução que respeito. No entanto, e sem desprimor, vou aproveitar esta oportunidade para fazer algumas considerações pessoais.
Em primeiro lugar, o termo `socioistórico´, embora bem formado, não está registado nos dicionários e vocabulários actuais mais completos que possuo, nomeadamente o Houaiss-p.e e o «Vocabulário da Academia Brasileira de Letras (ABL)». Do meu ponto de vista, a palavra ainda não entrou na língua com esta forma. A eliminação do h exige prudência na concepção de novas palavras. Eu adoptaria, por enquanto, sócio-histórico. Como justificação, repare-se que temos no léxico, por exemplo, sócio-profissional (ABL) e sócio-gerente (RG), sendo assim admissível também o meu sócio-histórico, com hífen imposto pelo h.
Em segundo lugar, como parênteses, devo dizer-lhe que não classificaria `socioistórico´ nas palavras formadas por justaposição. O conjunto tem só um acento tónico, o que o levaria para as palavras formadas por aglutinação, segundo a gramática tradicional. Mas mesmo na gramática moderna (e num ponto de vista que defendo), há alteração da forma do segundo constituinte, na supressão do h e, para mim, `socioistórico´ não seria uma justaposição mesmo neste novo conceito, como é pontapé ou madrepérola, por exemplo. Mas não faço questão nestas minudências gramaticais, e passemos ao lógico-discursivo, ... com todas as limitações do facto de que o conjunto está descontextualizado...
Arbitrando um contexto, por exemplo: “este relatório não tem interditos lógicos e apresenta características discursivas”, eu poderia dizer que o relatório é lógico-discursivo [dois adjectivos]. O hífen torna-se necessário porque há uma aderência de sentidos; e, nestas condições, segundo a gramática tradicional, dizemos que temos um composto por justaposição. Quanto ao plural, eu escreveria `lógico-discursivos´ (em Mira Mateus `et al.´: luso-brasileiros) .
Formar uma só palavra neste caso é que não. Nos compostos adjectivos constituídos por uma aderência de sentidos entre dois adjectivos, e quando o primeiro elemento termina em o, é ainda costume o hífen (ex. no léxico actual: económico-social [já em RG], físico-químico [já em RG], etc.), abrindo-se o o na pronúncia portuguesa.
E repare-se que eu escrevi no último parágrafo: `é ainda costume´. Pois. Em palavras novas, procuro saber qual o `costume´ actualizado, com o recurso de consulta em obras recentes. Nas diferenças de opiniões legítimas que a língua permita, procuro, assim, seguir um critério intermédio, entre o respeito pela palavra idónea vetusta e a ousadia excessiva inovadora. Daí que aceitando `socioistórico´ e não podendo ainda aceitar *lógicodiscursivo, me sinta com o direito de preferir sócio-histórico.
Ao seu dispor,