Sugiro-lhe um livro - "Para uma Gramática da Língua Gestual Portuguesa", em que o universo dos autores se não confina a especialistas do ensino para surdos. Na verdade, além de Maria Augusta Amaral e Amândio Coutinho, que aliam a formação linguística ao ensino especializado, é também autora desta obra, editada pela Caminho em 1994, Maria Raquel Delgado Martins, linguista e professora catedrática da Faculdade de Letras de Lisboa.
O livro procura demonstrar que a linguagem gestual tem estatuto linguístico idêntico ao da linguagem verbal, afirmando-se na página 39:
«Cada língua gestual desenvolve-se a partir de uma comunidade de origem que tem instituições que a sustentam e desenvolvem, como a família, a escola e as associações, e cujo âmbito corresponde geralmente à noção de país.
«Existem, como para o português, variantes regionais de Lisboa, do Porto e outras, variantes sociolinguísticas, dependendo do grau de alfabetização e das profissões dos surdos dessa comunidade.
«Como exemplo da existência dessas variantes na Língua Gestual Portuguesa, pode apontar-se o que aconteceu quando uma intérprete de Lisboa traduzia em língua gestual os noticiários da televisão; os surdos do Norte do país, por exemplo, levantaram imensas questões sobre a variante da Língua Gestual Portuguesa utilizada pela intérprete.
«Também com outras línguas se passa o mesmo, e cita-se o exemplo de uma jovem natural de Lyon que se recusava a visitar Paris sem a companhia de uma amiga que tinha estado nessa cidade durante muito tempo e que, por isso, conhecia bem a língua gestual parisiense.»