"Levantar a mesa" significa retirar, remover da mesa o que lá ficou depois duma refeição: pratos, talheres, guardanapos, restos de comida, etc. Dir-se-á, contradizendo: Mas não vejo que esteja correcto dizer-se assim, porque o que se levantou ou removeu não foi a mesa, mas o que estava em cima dela.
De facto assim é e poder-se-á perguntar: Mas onde está a lógica?
Sim, mas ... uma coisa é a lógica da língua, outra coisa é a lógica do pensamento. Todas as línguas são assim. Há tantos e tantos casos destes em português. Eis alguns:
1. Jardim infantil – O que é infantil não é o jardim, mas as crianças que lá estão.
2. Fiz uma operação à bexiga. – Quem fez a operação não foi o doente, foi o médico.
3. Nos carris do metro em Lisboa, lemos uma tabuleta que diz: Perigo de Morte. – O que está em perigo não é a morte, mas a vida.
4. Estás constipado? Toma lá este medicamento, que é bom para a gripe. – Não é bom, é mau, porque a destrói ou a evita.
5. Estou fumando um pensativo cigarro! – Quem está pensativo não é o cigarro, mas quem o fuma.
Na linguagem dos jornais deparam-se-nos muitos casos de falta de lógica do pensamento. Aqui vão dois exemplos extraídos de jornais:
6. Reúne-se hoje em Varsóvia uma conferência do bloco soviético... (título).
7. Férias jovens (título).