Digamos que, mesmo que seja somente uma marca de blusões, Kispo existe, ainda que possamos não encontrar a palavra dicionarizada.
Trata-se de uma marca que fez furor em Portugal na década de 70 do século passado (recentemente relançada), comercializando uns casacos de tipo desportivo, impermeáveis e com capuz. Como esta designação é muito longa, e como nem toda a gente conhecia a designação da peça de vestuário esquimó que lhe está na origem, o anoraque (forma aportuguesada de “anorak”), simplificou o povo a nomenclatura do tal blusão passando a designá-lo pela sua marca comercial.
É um fenómeno habitual na língua portuguesa. Há palavras que entram desta forma no nosso léxico, como x-acto ou aspirina, por exemplo. A grafia da palavra perde a maiúscula característica dos nomes próprios, passa a substantivo comum, ganha feições vernáculas (como Roskopf > roscofe), e, neste caso, poderia perfeitamente assumir a forma quispo. Talvez temendo que não passasse de uma moda, nunca nenhum dicionário consagrou a palavra, mas o que é certo é que já lá vão mais de 30 anos, e ainda a utilizamos.