DÚVIDAS

«Já temos quem venha jogar connosco»

Sou professora de Educação Visual e oiço a Rádio Comercial todas as manhãs a caminho das Escolas. Levo comigo os meus filhos e fico admirada, como é possível, há já tanto tempo, ouvir dizer frases na rádio que me fazem arrepiar e aos meus filhos. Gostaria que me fornecessem dados relativos à razão pela qual se deve dizer “Já temos quem venha jogar connosco” ou “Já temos quem jogue connosco”, como eu diria, em vez de “Já temos quem jogar connosco”, como eu costumo ouvir na rádio, para poder, com argumentos válidos enviar uma chamada de atenção.

Muito ansiosa e grata.

Resposta

Quando falamos, não usamos sempre o número ideal de palavras: algumas vezes, dizemos palavras em excesso; outras vezes, fazemos omissões.

Para além de «Já temos quem venha jogar connosco», também dizemos «Já temos com quem jogar».

Quando alguém diz: «Já temos quem (...) jogar connosco», talvez esteja a omitir o verbo auxiliar de uma forma perifrástica.

A forma «Já temos com quem jogar» pode ter, talvez, alguma influência.

A nossa consulente poderá chamar a atenção da estação de rádio onde ouviu a frase “Já temos quem jogar connosco”, mostrando que a segunda oração deve ter um verbo no presente do indicativo ou no presente do conjuntivo.

Exemplos:

a) Já temos quem vem jogar connosco.
b) Já temos quem quer jogar connosco.
Nestes casos, somos informados de que a acção se vai realizar. O verbo jogar mantém-se no infinitivo mas faz parte de formas perifrásticas.
c) Já temos quem venha jogar connosco.
d) Já temos quem queira jogar connosco.

Nestes dois casos, abrem-se perspectivas para a realização de uma acção. É uma forma mais elegante. O verbo mantém-se no infinitivo mas passou a fazer parte de formas perifrásticas mais subtis, mas comuns.

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