Vejamos, então, as seguintes frases:
1) Intimem-se os autores.
2) Intime-se os autores.
A frase preferível é a 1). O se é aqui palavra apassivadora (ou apassivante).
De facto, esta palavrinha se não raro causa confusões e indecisões sobre o seu emprego. Há um livro brasileiro muito bom que esclarece sobre o emprego do se.
Ei-lo: Napoleão Mendes de Almeida, Dicionário de Questões Vernáculas – Livraria de Ciência e Tecnologia Editora Ltda. Rua Tanabi, 353 – Perdizes, São Paulo.
Se procurar a palavra se, encontra lá tudo sobre ela. Diz assim este dicionário:
«Constituem erros inomináveis construções como vende-se livros usados, conserta-se relógios, reforma-se chapéus.» Como vemos, é este o caso da frase (2).
Tal como, segundo este autor muito sabedor, estas frases estão erradas, está também errada a frase (2). Segundo este mestre, devemos dizer «vendem-se livros usados». Portanto, a frase correcta é a (1).
Em intimem-se os autores, o verbo está na voz passiva. Este se apassiva o verbo. Isto é, intimem-se = sejam intimados. Por isso, denomina-se de partícula ou palavra apassivante ou apassivadora.
Segundo o livro citado, o correcto é dizermos a frase (1) e não a (2).
A frase (2) só ficará correcta, quando o sujeito (os autores) estiver no singular.
(3) Intime-se o autor. = Seja intimado o autor.
O se é partícula apassivante com verbos transitivos naquelas frases em que podemos passar a forma verbal para a passiva sem mais nenhuma alteração.
(4) Comprou-se um automóvel = foi comprado um automóvel.
(5) Chama-se amigo quem me ajuda = É chamado amigo quem me ajuda.
(6) Ontem leu-se este livro = ontem foi lido este livro.
Quando o se é pronome indefinido, não se pode fazer esta transformação.
(7) Morre-se em todas as idades.
(8) Não se é bom, quando não se gosta de ajudar o próximo.
(9) Nesta rua, não se pode conduzir com velocidade.
(10) Gosta-se daquilo que dá prazer.
(11) Aqui está-se bem.