Creio que a sua dúvida diz respeito ao uso da locução formada pelo pretérito imperfeito do verbo ir + infinitivo no sentido de um condicional. Vou criar duas situações para ver se é esta a sua dúvida.
1. Se estamos a ver um filme e pensamos que alguém que não está ali gostaria dele, dizemos “Ele ia gostar de ver este filme.”, no sentido de “Ele gostaria de ver o filme. “ ou “Ele teria gostado de ver o filme.”
2. Se estamos com a pessoa à nossa frente, já vimos o filme e achamos que ela teria gostado dele, se o tivesse visto, dizemos-lhe “Tu ias gostar do filme.” ou “Tu havias de gostar do filme.”, no sentido de “Se o tivesses visto, tu terias gostado do filme.” No Brasil, este “tu” seria substituído por “você”: “Você ia gostar do filme.”
Penso que a expressão que ouviu foi “ia gostar”, e não “ia a gostar”. Talvez lhe tenha parecido ouvir a preposição “a”, dado no Brasil a vogal “a” ser pronunciada de uma forma mais aberta e mais alongada, podendo o “ia” soar a “iá”.
Em português, usa-se o pretérito imperfeito em vez do condicional para referir um facto que seria consequência de outro que não ocorreu, como o caso que apresenta.
Esclareço ainda que a locução ir + infinitivo tem em português as duas construções que se seguem:
a) O verbo “ir” no presente do indicativo + infinitivo de um verbo indica um futuro próximo. Exemplo: “Logo à tarde, vou estudar.”
b) O verbo “ir” no imperfeito do indicativo + infinitivo de um verbo indica um condicional, uma acção condicionada por outra. Exemplo: “Se me acompanhasses, ia (=iria) estudar.”
Finalmente, como se trata de um estrangeiro a tentar falar e escrever português, queria cumprimentá-lo pelo interesse pela nossa língua e competência que já manifesta, mas também sugerir algumas correcções ao seu texto:
1. As palavras que se seguem devem escrever-se assim: olá, não, intercâmbio, Junho (em Portugal), junho (no Brasil).
2. Deve evitar-se a repetição do pronome pessoal forma de sujeito, nomeadamente a 1.ª pessoa. Desde o momento em que utilizou esse pronome no início, pode (e deve) dispensá-lo ao longo do discurso. O português dispensa esse pronome pessoal, sendo apenas de utilizar no caso de uma eventual confusão com a 3.ª pessoa. Repare que as formas verbais portuguesas têm em si as marcas de pessoa, ou seja, ao olhar para a forma verbal, vê-se de imediato se se trata de uma 1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa, sem necessidade de o pronome estar expresso. As excepções são as da 3.ª pessoa do singular do pretérito imperfeito, do mais-que-perfeito, do condicional, do presente e futuro do conjuntivo e do infinitivo pessoal, bem como do pretérito perfeito de alguns verbos, que são iguais à 1.ª, necessitando, por isso, da presença do sujeito, para não haver confusão.
3. Antes da conjunção adversativa “mas”, deverá haver uma vírgula.