Há perspectivas diversas sobre a historiografia ou arte de escrever a História. Os historiadores e especialistas em História é que as dominam.
O relato histórico é, essencialmente, um texto narrativo não ficcional.
Um texto narrativo consiste num discurso que integra uma sucessão de acontecimentos de interesse humano na unidade de uma acção.
Se não houver sucessão de acontecimentos, não há texto narrativo, mas, por exemplo, descrição (se os objectos do discurso estiverem associados numa continuidade espacial), dedução (se eles se implicarem uns aos outros), efusão lírica, etc. Se não houver integração na unidade de uma mesma acção, também não haverá narrativa, mas somente cronologia, enunciação de uma sucessão de factos desligados. Por fim, se o interesse humano não estiver implicado, ou seja, se os acontecimentos relatados não tiverem sido produzidos por agentes e sofridos por pacientes antropomórficos, não poderá haver narrativa, porque é somente em relação a um projecto humano que os acontecimentos têm sentido e se organizam numa sequência temporal estruturada.
Seis constituintes devem estar reunidos, para que se possa falar de texto narrativo, de relato:
1. uma sucessão de acontecimentos;
2. uma unidade temática;
3. alteração de situações, transformação das realidades;
4. integração dos acontecimentos numa unidade (relações entre os acontecimentos e percepção do seu contributo para a unidade geral);
5. a causalidade: a narrativa explica, coordena, mostra a ordem causal, e não apenas o encadeamento cronológico;
6. uma avaliação final, explícita ou implícita: mesmo quando todos os factos são apresentados, permanece sempre o problema da sua interpretação, num acto de julgamento que contribui para a percepção de que fazem parte de um conjunto e não apenas de uma série.
A respeito de géneros textuais, poderei indicar-lhe a obra de Jean-Michel Adam, Les Textes: Types et prototypes, de Nathan Université, utilizada na elaboração desta resposta.