Há com efeito restrições ao emprego de certas palavras no plural, por razões que têm que ver com aspectos da sua significação. Embora possível, o plural de fé, caridade, desespero, felicidade, sabedoria adquire um sentido diferente do da forma no singular.
A razão desta restrição prende-se com a diferença entre nomes contáveis e nomes não contáveis. Os primeiros designam seres ou objectos (gato, irmão, carro, livro, …) que podem ser enumerados e aceitam a sua flexão no plural; por exemplo: um gato, dois gatos ou um livro, dois livros. Os nomes não contáveis (amizade, rebeldia, ouro, farinha, …) não têm essa propriedade e só em certos contextos é que aceitam o plural.
É por isso que se diz a fé (com artigo definido), como se fosse uma realidade compacta, sem partes nem elementos separáveis que se possam destacar e enumerar (não se usa “uma fé, duas fés”, ….). Já agora, deve-se esclarecer que a expressão uma fé (com artigo indefinido) é aceitável, mas apenas no sentido de «uma grande fé», quando, por exemplo, a propósito de alguém, exclamamos: tem uma fé!
A Nova Terminologia para os Ensinos Básico e Secundário, que está a ser adoptada em Portugal, inclui o contraste entre nomes contáveis e nomes não contáveis.