Eis os seguintes fenómenos fonéticos de memorare > lembrar, tratados um por um:
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memorar(e) > memorar – apócope do e final.
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mem(o)rar > memrar – síncope do o. Deu-se a síncope do o, porque era pretónico, e a consoante anterior podia-se ligar à seguinte.
A posição deste o levava os falantes a pronunciá-lo pouco nitidamente; por isso desapareceu. É o que hoje acontece com muitas palavras, como testar, que tanta gente pronuncia assim: tehtar. Infelizmente, nem sempre se vê a preocupação de pronunciar claramente.
Note-se que memrar é forma hipotética. -
memrar > membrar. Quando o m ficava entre vogal e r, pela queda da vogal intermédia – aqui o o, como vimos em b) – desenvolvia-se um b entre os dois, o m e o r.
- membrar > nembrar – dissimilação do primeiro m.
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nembrar > lembrar. Quando o m era repetido ou concorria com n na mesma palavra, como no caso presente, um deles era substituído por l, por dissimilação.
Ou então, membrar > lembrar. Isto, porque, tanto nembrar como membrar, são vocábulos que encontramos em textos antigos.