A nomenclatura gramatical brasileira (NGB) e a nomenclatura gramatical portuguesa (NGP) nem sempre coincidem. Não tenho comigo a NGB, mas sei que a NGP não tem as denominações de complemento nominal e de complemento verbal.
Para se compreender melhor a minha resposta anterior, vejamos as seguintes frases:
(a) O João viajou pelo Brasil.
(b) O João fez uma viagem pelo Brasil.
Na frase (a), pelo Brasil é o complemento circunstancial de lugar por onde – complemento de viajou.
Na frase (b), pelo Brasil é também complemento circunstancial de lugar por onde – complemento de fez uma viagem; e não complemento nominal, porque pelo Brasil depende de fez uma viagem, que é a mesma unidade semântica que temos em viajou; e não depende apenas do nome viagem. Dizemos «complemento circunstancial», porque alude a determinadas circunstâncias em que o João fez uma viagem/viajou.
Caso semelhante é o da consulta. Vejamos, pois, as seguintes frases:
(a) Os franceses não duvidam sobre esta questão.
(b) Os franceses não têm dúvidas sobre esta questão.
Pela explicação anterior, concluímos que sobre esta questão depende de não têm dúvidas e não apenas de dúvidas.
É um complemento circunstancial de assunto, porque nos aponta para o assunto/questão, que se apresenta em determinadas circunstâncias para que não haja dúvidas da parte dos franceses.
Estará isto de acordo com a NGB? Não sei. Seja como for, muito grato estou à nossa consulente Berenice por ter discordado de mim. O discordarem de mim leva-me a analisar, pensar, descobrir, aprender, resolver e proceder.