O diálogo e o monólogo são modos de expressão cuja função varia consoante diversos aspectos, como, por exemplo, a situação comunicativa, a tipologia textual, a intenção do autor.
Vou considerá-las no âmbito do texto ficcional.
O diálogo, forma tradicional de interacção verbal, pode ter as seguintes funções:
– contribuir para a construção da verosimilhança;
– caracterizar a personagem, quer pela veiculação de pontos de vista, quer pelas marcas formais do próprio discurso utilizado;
– fornecer informações sobre acontecimentos, situações, personagens, etc.;
– fazer progredir a acção.
Em qualquer texto dramático e na generalidade das obras narrativas, encontra exemplos de diálogos, cuja análise lhe permitirá identificar estas funções.
O monólogo é uma variante do diálogo. Trata-se de um diálogo interiorizado, em que o "eu" se desdobra em dois, um que fala e outro que escuta.
No texto dramático, o monólogo pode assumir essencialmente duas funções:
– revelar o mundo interior da personagem em causa;
– fornecer informações sobre acontecimentos anteriores cujo conhecimento é necessário para a compreensão da situação presente.
Como exemplo, refiro os monólogos da peça de Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa.
Na narrativa, tem a forma de monólogo interior, representando a corrente de consciência da personagem, e assume essencialmente a função de revelar pensamentos, recordações, emoções, contribuindo também para a caracterização indirecta da personagem.
Para apreciar esta técnica, poderá ler a obra de José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis.