Antes de responder à dúvida, vejamos o seguinte acerca de «de tal maneira que»:
a) Não é uma locução conjuntiva.
b) Não expressa finalidade.
c) Não equivale a «de maneira adequada para que».
Eis a resposta:
Vejamos, então, «de tal maneira que»:
Este que é uma conjunção subordinativa consecutiva – intruduz uma oração subordinada consecutiva.
A expressão de tal maneira pertence à oração subordinante. É uma expressão a que se liga a oração subordinada por meio da conjunção que. Vejamos a seguinte frase:
(a) «Ela canta de tal maneira, que atrai toda a gente.»
A maneira como ela canta tem uma consequência: atrai toda a gente.
Temos aqui uma consequência certa, verdadeira, real, porque o verbo está no modo indicativo (atrai), que é o modo da realidade, da certeza.
Vejamos agora a frase da consulta:
(b) «Eu beijei-a de tal maneira, que ela ficasse com raiva.»
A maneira como eu beijei, possivelmente tem uma consequência:
A segunda oração indica essa consequência, mas não certa, verdadeira, real, porque o verbo está no modo conjuntivo, que é o modo da não certeza, daquilo que pode ser ou não ser real, certo. Isto é, ele beijou-a de tal maneira que ela podia ficar com raiva. Mas ficou? Não sabemos. Ele beijou-a para que a consequência fosse essa.
A consequência seria real, certa, verdadeira, se o verbo estivesse no modo indicativo – o modo da realidade:
(c) «Eu beijei-a de tal maneira, que ela ficou com raiva.»
A frase 6. tem, realmente, a mesma construção da frase 2., em que os verbos estão empregados em igualdade sintáctica.
E as frases 3., 4. e 5. têm a mesma forma sintáctica que a frase 1. Em todas elas, a oração consecutiva indica factos não absolutamente reais.